Aparentemente, nada nos falta. Temos recursos tecnológicos jamais sonhados por nossos pais, avanços fantásticos em todas as ciências, na genética, nas pesquisas espaciais, na produção de alimentos, na velocidade da informação e das comunicações.
Com tantos e tão extraordinários recursos, deveríamos estar vivendo num mundo onde imperassem a paz, a justiça, a solidariedade. Mas o que vemos é injustiça, egoísmo, na forma de ataques terroristas brutais, crimes, sequestros, guerras, fome, doenças devastadoras, destruição ambiental.
Na sociedade, o consumismo desenfreado, a corrupção, a permissividade, a libertinagem são aceitos, e em alguns casos até louvados, como padrão normal de comportamento. Na televisão, que entra no recesso dos lares, as novelas, os programas de auditório de baixíssimo nível moral e cultural são prestigiados e copiados, por proporcionarem audiência e lucro financeiro. O que ensinam às crianças e adolescentes, na maior parte do tempo entregues à sua nefasta influência? Nada que possa fazê-los crescer espiritual, intelectual ou culturalmente. Ao contrário, estão destruindo a família e seus valores, apresentando como normais, e dignos de serem imitados, padrões de comportamento em que a fidelidade, a honestidade, o pudor estão fora de moda, o casamento de nada vale, o que vale é a satisfação dos sentidos, e aquilo que o povo apelidou de “lei de Gérson”, ou seja, “levar vantagem em tudo”.
- O que podemos concluir?
Simplesmente que, preocupadas em satisfazer seu egoísmo, em procurar o prazer acima de tudo, em cultuar o corpo e a beleza física, o sucesso e o dinheiro, as pessoas se esqueceram de que esta vida transitória nos foi dada por Deus para servir como ponte para uma outra vida, esta sim, definitiva. E o passaporte de entrada para o Reino de Deus não será baseado em conquistas materiais, no sucesso profissional ou intelectual, no poder que exercemos neste mundo. Será fundamentado no Bem que tivermos espalhado ao nosso redor, no serviço desinteressado ao próximo, na Verdade e na Beleza de nossas atitudes.
- Como poderemos conseguir isso?
Através de uma sólida e autêntica formação moral, de uma prática religiosa constante, do exercício da caridade, alicerçados no amor a Deus e na devoção a Maria Santíssima. É isso que devemos proporcionar para a nossas família, através do exemplo de uma vivência autenticamente cristã.
Um dos valores hoje mais bem conceituados é a liberdade do indivíduo. Mas o que em geral é esquecido é que a liberdade de cada um implica no respeito à liberdade do outro. Afirma São Tomás de Aquino que o homem tem toda a liberdade para a prática do bem, mas não, evidentemente, do mal.
Nos lares em que esses ensinamentos são passados dos pais para os filhos é muito difícil que estes procurem a fuga enganosa pelas vias das drogas, da promiscuidade sexual ou do individualismo egoísta. Se desde cedo forem ensinados, não só por palavras, mas pelo exemplo, a manifestarem seu amor a Deus através do respeito ao próximo, da compaixão, da solidariedade, do senso de justiça, enfim, de tudo o que Jesus nos ensina em seu Evangelho, suas vidas seguirão nesse caminho.
O grande desafio proposto a nós, cristãos, no mundo de hoje, é propagar o Evangelho de Jesus a todos, começando por dentro de casa. Não devemos nos intimidar com o que os outros vão achar, nem esmorecer na defesa dos ensinamentos de Cristo. Não importa se formos rotulados de carolas, ultrapassados. Temos de lutar contra o mal que se espalhou pelo mundo.
Fonte: Revista Arautos do Evangelho
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