quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A oratória do Natal



Que surpresa! O Senhor, o Salvador, deitado em uma manjedoura, envolvido em faixas! Ele quis nascer onde não houvesse muros, grades, portas ou coisas parecidas. Nasceu em uma gruta, sem portas, à disposição de todos. Nasceu criança frágil, pobre e carente, porque Ele é o "Emanuel", "Deus conosco". E foi colocado em uma manjedoura para se fazer "comida"! É impressionante o fato de que, enquanto os homens empregam todos os meios para tirar a vida, justamente nesse momento, o próprio Autor da vida nasce em uma manjedoura, fazendo-se Alimento de Vida!

O grande pregador jesuíta, Padre Antônio Vieira, em seu sermão do Nascimento do Menino Jesus, citando a passagem em que lemos: "E o Verbo se fez carne" (Jo 1,14), pergunta: "De que adianta o Verbo se fazer carne em uma criança se ela não pode falar?". E responde: "É que há uma diferença entre a voz humana e a voz divina. E a diferença é que a voz humana se percebe com os ouvidos; a voz divina com os olhos. E o que os pastores foram ver em Belém? Foram ver 'A Palavra'. Diz São João, no prólogo do seu Evangelho: "E o Verbo se fez carne e nós vimos a sua glória" (Jo 1,14).

Santo Agostinho dizia: "Assim como Deus, antes de ser homem, ensinava falando interiormente aos corações, depois que se fez criança ensinava falando aos olhos: 'Vejamos este Verbo!' (Lc 2,15)".

Mais tarde, aquela criança de Belém falaria por meio de palavras: "Bem-aventurados os pobres... os mansos, os aflitos, os misericordiosos, os puros de coração, os pacíficos". Entretanto, no seu Natal, ele mostra por meio de suas lágrimas e seus gemidos de recém-nascido, na extrema pobreza de uma manjedoura perdida dentro de uma gruta, entre animais, em fria noite de inverno, como ser pobre, manso, aflito, misericordioso, puro e pacífico! Deus nos fala por meio de Suas Obras! Calado, o Menino Jesus é o Divino Orador!

O que o Divino Orador diria a você, que é filho, filha, esposo, esposa, pai, mãe, avô ou avó? O que diria às crianças de hoje? Aos assaltantes, sequestradores e assassinos? Aos homens do governo, aos políticos, aos artistas, aos operários, aos empregados, aos patrões? O que diria aos moradores de rua e às crianças dos orfanatos? Enfim, o que diria a cada um de nós?

Vamos colocar nosso coração bem juntinho do Coração daquela criança, e depois de senti-lo, de ouvir o que ele tem a dizer a cada um de nós, o que vamos dizer a ele? "Sagrado Coração de Jesus, fazei meu coração semelhante ao Vosso!". Ficam também, como sugestão, as palavras puras e simples de Carlos Pena Filho:

"- Sino, claro sino, tocas para quem?
- Para o Deus Menino que de longe vem.
- Pois, se o encontrares, traze-o ao meu amor.
- E o que lhe ofereces, velho pecador?
- Minha fé cansada, meu vinho, meu pão, meu silêncio limpo, minha solidão e todo meu amor!"

(Pe. Pedro Canísio Melchert, SJ)

domingo, 14 de dezembro de 2014

A borboleta azul


Havia um viúvo que morava com duas filhas curiosas e inteligentes.

As meninas sempre faziam muitas perguntas. A algumas, ele sabia responder, outras não.

Como pretendia oferecer a elas a melhor educação, mandou as meninas passarem férias com um sábio que morava no alto de uma colina.

O sábio sempre respondia a todas as perguntas sem hesitar.

Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta que ele não saberia responder.

Então, uma delas apareceu com uma borboleta azul que usaria para pregar uma peça no sábio.

- O que você vai fazer? - perguntou a irmã.

- Vou esconder a borboleta em minhas mãos e perguntar se ela está viva ou morta. Se ele disser que está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar. Se ele disser que está viva, vou apertá-la e esmagá-la. E assim, qualquer resposta que o sábio nos der estará errada!

As duas meninas foram, então, ao encontro do sábio, que estava meditando.

- Tenho aqui uma borboleta azul. Diga-me, sábio, ela está viva ou morta?

Calmamente o sábio sorriu e respondeu:

- Depende de você. Ela está em suas mãos.


Assim é a nossa vida, o nosso presente e o nosso futuro.
Não devemos culpar ninguém quando algo dá errado.
Somos nós os responsáveis por aquilo que conquistamos
(ou não).
Nossa vida está em nossas mãos, assim como a borboleta.
Cabe a nós escolher o que fazer com ela.

(autor desconhecido)

sábado, 13 de dezembro de 2014

O que é Deus? O que a Deus pertence?



Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” O que é de Deus? O que a Deus pertence? A resposta clara e simples será: Tudo! Deus é o criador do céu e da terra, tudo lhe pertence, inclusive César. César é o rei, o presidente, o governante, aquele que tem poder e manda. O profeta Isaías nos fala de um desses homens poderosos da história, o rei Ciro, da Pérsia, grande conquistador, que permitiu aos judeus voltarem à sua terra terminando assim o cativeiro da Babilônia. Pois bem! O profeta Isaías nos mostra como o rei Ciro foi instrumento nas mãos de Deus, esteve submetido a Deus e realizou a vontade de Deus. Na história de Ciro, ficamos sabendo que o único e verdadeiro Senhor é Deus. Ao darmos a Deus o que é de Deus, damos-lhe também César, o imperador e rei. Ele está debaixo das ordens de Deus.

E o que devemos dar a César? Quem é César e o que lhe pertence? Os romanos antigos chamavam de César o chefe do governo, o imperador. César é a sociedade na qual nós vivemos com sua organização, suas leis, seu sistema de vida. Quando Jesus pergunta de quem é a figura e a inscrição que estão na moeda, a resposta é: “De César”. A moeda tem um rosto, e, se esse rosto transmite a paz resultante da justiça, os cidadãos vivem bem. A moeda, instrumento de troca, é útil e até necessária. Não faltando a ninguém, com ela suprem-se as necessidades.

A realidade, porém, pode ser outra. Na Evangelii Gaudium, o Santo Padre Francisco chama a atenção de todos para a “ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano”. Esta economia mata porque exclui e cria desigualdades. Como nos relacionamos com a moeda de César, seja ele quem for? “Será que não aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades?”, pergunta o papa. A moeda não pode encobrir o ser humano. O dinheiro deve servir, não governar, por isso damos a Deus o que é de Deus, inclusive o dinheiro que deve existir e ser administrado de forma ética em benefício do ser humano. Somos todos exortados a “uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano”.

O salmista chama todas as nações a adorar o único Senhor do mundo, dar-lhe glória e oferecer-lhe sacrifícios porque este Senhor reina e julga os povos com justiça e cobrará de César o equilíbrio ou o desequilíbrio na administração da moeda.

A comunidade de Tessalônica experimentou na pele o desequilíbrio da miséria ao lado da abundância. O povo pobre esperou com ansiedade a vinda de um Deus que lhes desse esperança de vida e não apenas de sobrevivência. Os apóstolos chegaram e, a partir de então, os pobres de Tessalônica se revestiram de uma fé atuante, de uma caridade esforçada e de uma firme esperança. Paulo elogia os tessalonicenses que sofreram perseguições de quem se sentiu incomodado pelo Espírito que os unia e lhes dava força.

Na experiência brasileira, a Palavra de Deus uniu gente simples e desamparada, dando-lhes força para o trabalho conjunto e a defesa da própria dignidade. Isso incomodou a alguns que não duvidaram desencadear verdadeira perseguição aos membros das comunidades. Que a moeda de César não se torne arma de destruição dos mais fracos.

Is 45,1.4-6 – Eu sou o Senhor, não existe outro.
Sl 95 (96) – Cantai ao Senhor Deus um canto novo.
1Ts 1,1-5b – Recordamo-nos sem cessar da vossa fé.
Mt 22,15-21 – Dai, pois, a César o que é de César.

Fonte: Revista Família Cristã - outubro de 2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O acampamento




Sherlock Holmes e Dr. Watson vão acampar. Montam a barraca e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e cutuca seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes então pergunta:
- E o que isso significa?
Watson pondera por um minuto, depois enumera:
-1) Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias e, potencialmente, bilhões de planetas.
- 2) Astronomicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.
- 3) Temporariamente, deduzo que são aproximadamente 03h15min pela altura em que se encontra a Estrela Polar.
- 4) Teologicamente, posso ver que Deus é todo poderoso e somos pequenos e insignificantes.
- 5) Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia amanhã. Correto?
Holmes fica um minuto em silêncio, então responde:
-Watson, seu idiota! Significa apenas que alguém roubou nossa barraca!!!
 

Moral da história: 
 "A vida é simples, nós é que temos a mania de complicar".