Uma das coisas mais importantes, nos caminhos da vida, é saber distinguir os verdadeiros valores: diferenciar os perfis definitivos da beleza autêntica das imagens trêmulas e provisórias, à tona das águas da existência.
Diz uma velha lenda do Hurões, guerreiros das campinas canadenses, que os lagos desejavam ser montanhas e estas queriam ser lagos serenos...
Então o Grande Espírito, sorrindo, decidiu realizar estes desejos e criou a beleza dos reflexos que transplanta montanhas para lagos.
Agora o lago pensa que é montanha e esta, por sua vez, nele espelhada, pensa que é água pura e remansosa...
Como seria bom se, em nossa vida, fosse fácil assim compor desejos, mesmo disparatados e impossíveis.
Quantas pessoas rondam, descontentes, os caminhos do mundo e da existência, querendo ser aquilo que não são em vez de se aceitarem onde estão.
E vivem entre sonhos e ilusões, contemplando reflexos passageiros que qualquer vento, qualquer brisa leve desfaz na face lisa das lagoas.
Temos que ser nós mesmos, hoje e sempre, do jeito que Deus fez e onde nos pôs: arrojo das montanhas rumo ao céu ou placidez de lago ao rés do chão.
É assim que se compõe o mundo e a vida, na variedade imensa dos destinos que se cruzam, se aceitam, se completam e criam a harmonia do Universo.
(Héber S. de Lima).
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