Mural de Cerezo Barredo sobre o Magnificat, na Igreja de Luciara, MT.
Morena toda nossa, rosto de pote e lua,
beleza em carne viva de mulher,
menina mãe de todos:
fala por essa boca que beijou, a primeira,
a carne do Deus homem.
Fala, grita, Maria,
canta-nos Teu Magnificat de pobre!
Pula de puro gozo
respaldada pelo sol do Deus Vivo,
cercada pelo júbilo da Criação inteira,
rodas do Céu e a Terra se abrançando.
Por Ti, ventre da Vida,
os lilás femininos trespassam de ternura
as lutas e o mistério.
a Trindade nos faz comunidade
- negro, índio, mulher num elo só -
em torno da Palavra,
chamados ao louvor,
povo do Reino.
Seu Braço Poderoso,
quebranta o capital, os mísseis e a miséria,
enche dos bens do Reino a humanidade pobre
e despede despidos os acumuladores
para o reino das trevas.
derruba de seus tronos os colarinhos brancos
e põe ao descoberto as mãos ensanguentadas.
Vestida com vinho do sangue resgatado
e o Vento em Teus cabelos sacudindo-te toda,
Esposa do Espírito,
Tu és o Povo-Igreja vencedora!
Ave, Maria, ave,
garça de Graça cheia,
andor da Caminhada,
bentida Tu e todos nós benditos
pela terra fecunda do Teu Ventre.
(Pedro Casaldáfiga)
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